Cerca de um bilião de pessoas no mundo passam fome. O crescimento da pobreza, o desemprego e o abandono do sector rural a par do aumento dos preços, estão a arrastar mais pessoas para a pobreza, a alimentar tensões políticas e a forçar cada vez mais famílias à fome.
A alimentação está agora a custar mais de 70% do rendimento de uma família nas áreas mais pobres do mundo. O indicador de preços de comida das Nações Unidas Food and Agriculture Organization – que cobre cerca de 90 países – subiu 22% em Março de 2010, desde o último ano. De acordo com o World Bank, em 2010-2011 o aumento dos custos da alimentação empurraram para a extrema pobreza 70 milhões de pessoas.Da crise do crédito à crise da fome
Uma série de factores base profundos estão a desestabilizar o sector do mercado alimentar:
- O desvio da produção de cereais para a produção de bio-combustível;
- O aumento do preços do petróleo.
- Os EUA, que já foram os maiores exportadores de cereais, estão agora a desviar cerca de 20% da sua colheita de cereais para a produção de biocombustível. O cereal necessário para encher um depósito de um típico SUV americano seria suficiente para suprir as necessidades de uma pessoa de um país em desenvolvimento.
- O crescimento da procura de alimentação para animais de produção intensiva, para abate e produção de carne;
- Quebra da produção cerealífera. As colheitas pobres dos tradicionais exportadores de cereais, tais como Austrália e Rússia, que têm sido ligadas às mudanças climáticas;
- As cheias e secas nos países em desenvolvimento que têm provocado uma debandada para as cidades de pessoas que viviam de agricultura de subsistência.
A apropriação de terras ao nível global
Land grabs, uma nova forma de apropriação de terras
Estas apropriações de terrenos têm vindo a ser conduzidos por países e investidores que procuram plataformas de exportação de alimentos e biocombustível. Os desalojados que vivem da agricultura de subsistência são enviados para a pobreza. Há quem diga que esta é uma forma legítima de os países desenvolvidos assegurarem a sua alimentação de uma forma directa, sem intermediários.
O estados do Golfo Pérsico, China, Índia, Brasil e Coreia do Sul são alguns dos muitos países que estão a estabelecer acordos em África, Ásia e Europa Oriental.
Aparecimento de problemas a longo prazo de fornecimento de comida
Presentemente a população mundial situa-se nos 6.8 biliões e prevê-se que cresça aos 8,5 e 10.5 entre 2040 e 2050.
Em 1996, o Wordl Food Summit definiu a meta de reduzir para metade o número de pessoas subnutridas até 2015. A FAO diz que este objectivo não irá ser alcançado.
Os alimentos negociados nos mercados a par do petróleo e metais preciosos
Relacionar o aumento do preço dos alimentos com a baixa de produção cerealífera e consequente redução de stocks é uma forma de esconder o modo indiferente como a alimentação é tratada.
As operações especulativas nos mercados de futuros das matérias-primas, que se tornaram parte integrante dos mercados de géneros alimentares são altamente responsáveis pelo rápido crescimento dos preços, que foi acompanhado por um rápido aumento de abertura de posições no mercado de futuros para o trigo, milho (grão) e soja (grão). Existe uma relação evidente.
Fonte: nauzero
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