No filme de ficção científica Prometheus (2012), do criador de Alien, os blocos de criação da vida foram fornecidos por uma espécie de proto-humanos que vinham de um outro planeta. Aplicando uma máxima da ciência da computação à biologia encontramos uma possibilidade intrigante de que a vida existia anteriormente à Terra e possa mesmo ter tido origem exterior ao nosso sistema solar, segundos alguns cientistas.
A lei de Moore observa que a evolução dos computadores está de acordo com um aumento exponencial de complexidade numa taxa de 2x mais transístores por circuito integrado, em cada período de dois anos. Se se aplicar a Lei de Moore apenas para a taxa de complexidade computacional dos últimos anos e se fizer o trabalho contrário, ou seja, para trás no tempo, conseguimos encontrar a década de 1960 exactamente quando o primeiro microchip foi, na verdade, inventado.
Recentemente, dois investigadores genéticos aplicaram a Lei de Moore para a taxa na qual a vida na Terra cresce em complexidade – e os resultados sugerem que a vida orgânica veio pela primeira vez à existência muito antes da própria Terra.
Indícios de origem da vida encontrados em nuvem galáctica
O cientista Alexei Sharov do Instituto Nacional do Envelhecimento, em Baltimore e o biólogo teórico Richard Gordon do Gulf Specimen Marine Laboratory, na Flórida, utilizaram a Lei de Moore, substituíram os transístores com nucleotídeos – os blocos de construção de DNA e RNA – e os circuitos integrados pela genética material, e fizeram as contas.
Os resultados sugerem que a vida apareceu pela primeira vez há cerca de 10 Mil Milhões (= 10 biliões no sistema americano) de anos atrás, sendo assim muito mais antiga do que a idade da Terra projectada em 4,5 mil milhões de anos.
Então se é matematicamente possível que a vida seja anterior ao planeta Terra, será isso fisicamente possível? Novamente, Sharov e Gordon acham que sim. À medida que o nosso sistema solar se formava, organismos como bactérias pré-existentes, ou nucleotídeos simples de uma parte mais antiga da galáxia, poderiam ter chegado à Terra “à boleia” numa viagem interestelar, em cometas, asteróides ou outros detritos inorgânico espaciais – um processo teórico chamado de panspermia.
Os cálculos dos cientistas não são prova científica de que a vida antecede Terra – não há nenhuma maneira de saber com certeza que a complexidade orgânica aumentou a uma taxa constante em qualquer ponto da história do universo. “Chamemos-lhe apenas de um exercício de pensamento ou um ensaio, ao invés de uma teoria”, disse Sharov.
“Há muitos elementos hipotéticos para (o nosso argumento) … mas para criar uma visão mais ampla, precisamos de alguns elementos hipotéticos”, disse Sharov à TechNewsDaily.
Esta ideia de Sharov e de Gordon levanta outras possibilidades intrigantes. Por um lado, “a vida antes da Terra” desmascara as narrativas normais da ficção cientifica de espécies exóticas cientificamente avançadas. Pois se a complexidade genética avança a um ritmo constante, então o desenvolvimento social e científico de qualquer outra forma de vida extraterrestre na galáxia seria mais ou menos equivalente aos dos seres humanos.
Será que existe uma mensagem alienígena embebida nosso código genético?
O estudo de Sharov e Gordon traça um paralelo teórico e prático entre a origem da vida e a relação entre vida e conhecimento. A evolução humana não ocorre apenas no genoma, ocorre “epigeneticamente”, ou dentro da mente, tal como a memória, a tecnologia, linguagem e memória cultural se tornam todos mais complexos. “A complexidade funcional de organismos está codificada parcialmente no genoma hereditário e parcialmente na mente perecível”, explicam no artigo.
Ao aplicar a Lei de Moore – uma teoria originalmente concebida para explicar o desenvolvimento tecnológico – à vida, os geneticistas não simplificam a evolução, mas reconhecem a sua extraordinária complexidade.
Embora alguns possam ser cépticos em relação Sharov e Gordon, os cientistas mantêm-se convictos das suas conclusões. “A contaminação com esporos de bactérias a partir do espaço parece a hipótese mais plausível para explicar o aparecimento precoce da vida na Terra”, dizem no artigo, que foi publicado online na revista Arxiv.
Sharov disse que se tivesse que apostar, diria que “a hipótese de que a vida começou antes da Terra é de 99% – mas devemos deixar 1% por algum acaso estranho que não tenhámos previsto”
O relatório completo está disponível nos arquivos online da Biblioteca da Universidade de Cornell.
Fonte: Discovery News
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